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Será redutor definir a História como uma mera coleção de datas e acontecimentos, ou, um simples repositório de sabedoria. Não, caros leitores e amantes fervorosos desta ciência humana, a História é muito mais do que isso.

A História é a lente através da qual se observa o presente e o futuro, pois carrega consigo todas as lições do passado. Embora distante, é no passado que se constroem os alicerces para crescer, a coragem para superar o futuro e a sabedoria para valorizar o conquistado.

Em Mondego-Bussaco, a História não é apenas lembrada, ela é um pulso firme que mantém viva a essência da terra.

As suas paisagens e monumentos guardam marcas de batalhas históricas, o legado de reis e rainhas, a fé profunda de devotos e as tradições das gentes locais, testemunhos da grandeza de um passado que, ainda hoje, continua a inspirar e a enriquecer.

Embarque numa viagem do tempo e percorra a tríade Mondego-Bussaco, comece em Penacova que o convida a contemplar, viaje até Mortágua para se conectar e, por fim, na Mealhada deixe-se relaxar.

Penacova

Mosteiro de Lorvão e Centro Interpretativo de Arte Sacra

Os primeiros registos da sua fundação surgiram entre os séculos IX e X, embora se acredite que as suas estruturas remontam ao ano de 561. Serviu de escudo durante os assaltos muçulmanos e, séculos mais tarde, recolheu monges beneditinos, guardando um extenso cartulário distinguido como “Memória do Mundo pela Unesco”.

Por vontade de D. Teresa, filha de D. Sancho I, tornou-se um mosteiro feminino, dedicado à invocação de Santa Maria. Foi entre paredes devotadas à oração que as freiras começaram a trabalhar o açúcar e os ovos com uma mestria que transformou a doçaria conventual de Lorvão num símbolo de tradição e delicadeza.

Durante os séculos XVII e XVIII, o edifício foi amplamente renovado, adquirindo a imponência arquitetónica que hoje deslumbra os visitantes. A portaria, o claustro e a igreja convidam a uma viagem sensorial, onde a robustez das estruturas contrasta com a leveza dos ornamentos.

No Centro Interpretativo do Mosteiro, o legado de Lorvão ganha uma nova vida. Esculturas, tapeçarias, pinturas e objetos litúrgicos formam uma rica narrativa que celebra não só a arte e a devoção, mas também os santos, as figuras eclesiásticas e os momentos decisivos que moldaram a história de Penacova.

Museu do Moinho Vitorino Nemésio

Localizado na Portela de Oliveira, o Museu oferece uma imersão na história dos moinhos de vento e de água do concelho, bem como na vida das pessoas que neles laboraram durante décadas. O edifício onde se encontra sediado, casa de férias do Eng.º Arantes de Oliveira, sofreu obras de remodelação que permitiram reunir e um vasto espólio ligado à temática e, assim, partilhar um espaço de homenagem e aprendizagem.

Vitorino Nemésio, conhecido escritor e presidente da Associação Portuguesa dos Amigos dos Moinhos, detinha três moinhos e uma mata no concelho, elementos que influenciaram profundamente a sua obra literária. Em 1980, um dos seus moinhos, situado na Portela de Oliveira, foi doado à autarquia, perpetuando a sua ligação a este território.

O Museu funciona como ponto de partida para uma experiência que ultrapassa as suas portas, conduzindo os visitantes num percurso pedonal exterior rico em património cultural e natural. Ainda que não estejam em funcionamento, os moinhos são o ponto alto da visita, sendo possível explorar o interior de um deles e compreender, de perto, o seu modo de funcionamento e estrutura.

Barca Serrana

Numa época em que os caminhos-de-ferro, as estradas e os transportes modernos não passavam de um sonho, o Mondego transformou-se numa autêntica artéria, desde a nascente até à foz. Penacova, estrategicamente, posicionada junto a este curso, foi um dos centros mais dinâmicos desta rede fluvial.

As embarcações partiam carregadas com madeira, lenha, carqueja e carvão, recursos abundantes na região, rumo a destinos como Coimbra e Figueira da Foz. No regresso traziam consigo sal, pescado, milho, pipas de vinho e uma variedade de mercearias, garantindo a circulação de bens essenciais.

Entre os diferentes sistemas de transporte utilizados no Mondego, a barca serrana, robusta e adaptada às exigências da mobilidade fluvial, assumiu-se como um símbolo vivo do engenho e da resiliência dos povos locais.

Com o passar do tempo, a embarcação entrou em desuso, mas o município esforçou-se para preservar este património. Na Praia Fluvial do Reconquinho, aguarda-o uma experiência inesquecível a bordo de uma embarcação semelhante. Este trajeto, rodeado por paisagens deslumbrantes, mergulha-o nas histórias e memórias dos cultos populares.

Mortágua

Núcleo Museológico da Irmânia – Raízes e Memórias

Na pitoresca localidade da Marmeleira encontra-se sediado o Núcleo Museológico da Irmânia, um espaço que nasceu do empenho e vontade da comunidade local para preservar e divulgar a sua herança cultural e patrimonial.

O seu acervo é vasto e foi gentilmente cedido pelos habitantes, o que permitiu produzir múltiplas recriações históricas. Através das suas portas, dá-se a conhecer, com detalhe e realismo, como era o quotidiano rural, doméstico e comercial do final do século XIX e início do século XX.

A Casa do Lavrador, uma habitação típica de uma família rural, e dois espaços comerciais históricos, a Loja Progresso e a Alfaiataria Lysiana, são alguns dos espaços que recriam as tradições e o quotidiano de outrora. Também as salas Zé Pereiro e Basílio Lopes Pereira oferecem uma perspetiva real das artes e ofícios locais, além de apresentarem um pouco sobre a história da Marmeleira e das suas figuras emblemáticas.

O Núcleo é, sobretudo, uma homenagem ao povo que, com simplicidade e sabedoria, cuidou da terra e sonhou com ideias de liberdade e mudança.

Santuário do Cabeço do Senhor do Mundo

A apenas 1km de Mortágua, o Santuário do Cabeço do Senhor do Mundo apresenta-se como um refúgio de contemplação, onde fé e história se cruzam com vistas deslumbrantes. Erguido sobre antigas fortificações castrejas, este miradouro oferece uma panorâmica única sobre Mortágua, o Bussaco e o Caramulo, rodeado pela serenidade e aroma dos eucaliptos.

O santuário é composto por três capelas: a Capela do Senhor do Mundo, a Capela de São Pedro e a Capela de Nossa Senhora do Desterro. Este é também um local de romaria na Quinta-Feira da Ascensão, quando a comunidade se reúne para celebrar as suas tradições. Uma das capelas abriga a imagem de São Francisco, recolhida da extinta aldeia de Gontinho.

A subida não é longa, mas fará com que se sinta no topo do mundo!

Centro de Interpretação – Mortágua na Batalha do Bussaco

Como o próprio nome sugere, o Centro de Interpretação – Mortágua na Batalha do Bussaco é um espaço dedicado a preservar e divulgar um dos episódios mais marcantes da história portuguesa- a Batalha do Bussaco, travada em 1810, durante a terceira invasão napoleónica.

Tendo Mortágua sido um dos principais cenários deste marcante conflito, o Centro visa prestar uma homenagem à resiliência do povo e destacar a relevância histórica do maior confronto militar ocorrido em solo português.

Organizado em áreas temáticas, este espaço explora as Guerras Peninsulares, os exércitos em confronto, as estratégias militares implementadas e o armamento usado, recorrendo a fontes textuais, materiais históricos, infografias, recursos visuais e interativos.

O seu conceito inovador ultrapassa a ideia de um museu tradicional, oferecendo uma experiência interativa que alia conhecimento e emoção, acessível a todos. Uma oportunidade única para compreender de que forma a Batalha do Bussaco marcou a cronologia nacional, mas também mortaguense.

Mealhada

Palace Hotel do Bussaco

Construído entre 1888 e 1907, o Palace Hotel do Bussaco é uma das últimas joias arquitetónicas deixadas pela coroa portuguesa. Nasceu da visão de Emídio Navarro, então Ministro das Obras Públicas, e ganhou forma pelas mãos do arquiteto Luigi Manini.

A sua estrutura remonta para a antiga igreja pertencente ao convento, tendo a intervenção de Manini incorporado traços semelhantes aos encontrados na Torre de Belém e Mosteiros dos Jerónimos, bem como outras vertentes artísticas.

Se o seu exterior é motivo de encanto, então o interior provoca inquietação e admiração desmedida. O Palace encontra-se repleto de painéis de azulejos de Jorge Colaço, esculturas de António Gonçalves e Costa Mota, além de pinturas de João Vaz, António Ramalho e Carlos Reis, que relatam e homenageiam importantes eventos da história de Portugal, como a Guerra Peninsular, Batalha do Bussaco, Grande Epopeia Marítima e outros tantos. Tudo se harmoniza com mobiliário português, indo-português e chinês, além de tapeçarias luxuosas. Destacando-se, ainda, o teto mourisco, com seus desenhos intricados, e o soalho de madeiras exóticas, que acrescentam um toque de requinte incomparável.

Para os amantes de história e cultura, o Palace Hotel do Bussaco é um ponto de visita mais do que obrigatório!

Capela de Nossa Senhora da Vitória ou das Almas do Encarnadouro

O Bussaco, na Mealhada, é um palco vivo para a história das invasões francesas, eternizado pela emblemática Batalha do Bussaco, em 1810.

Nesse ano, a Capela das Almas transformou-se num “hospital de sangue”, com os frades carmelitas do Convento de Santa Cruz a quebrarem os votos de clausura para socorrerem indiscriminadamente soldados anglo-lusos e franceses.

Segundo se diz, a capela foi fundada no século XVIII por Luís Rodrigues, assistente no Convento dos Carmelitas do Bussaco, que doou em testamento uma parte dos seus bens para a estrutura e concretização de missas.

O edifício da Capela faz parte de um conjunto que inclui o Museu Militar do Buçaco, formando um importante complexo histórico-cultural.  O museu oferece uma imersão única à história das Guerras Napoleónicas, reunindo uniformes, medalhas, cartas topográficas e até uma peça de artilharia usada durante a batalha.

Termas do Luso

As Termas do Luso são famosas pelas propriedades terapêuticas das águas, que têm origem na chuva infiltrada na Serra do Bussaco e percorrem mais de 500 metros de profundidade antes de emergir aquecidas e ricas em minerais.

Originalmente, toda a água mineral era captada da Fonte Termal de Luso, sendo utilizada tanto para fins terapêuticos, como para o engarrafamento. Contudo, a criação de um furo de captação dedicado à água termal permitiu separar essas duas funções, garantindo que a Fonte Termal fosse utilizada exclusivamente para tratamentos de termalismo.

Em 1726, já se falava das propriedades curativas das águas, especialmente no tratamento de patologias cutâneas, e o “Banho” foi reconhecido como uma verdadeira prática médica. O sucesso dessas terapias impulsionou a popularidade do local, o que levou a um investimento significativo nas infraestruturas e nas condições de higiene das termas. Foi apenas no século XIX, com o apoio da coroa portuguesa, que se concretizaram as obras necessárias para modernizar o complexo.

Atualmente, as Termas combinam tradição e inovação, através de um Medical Spa composto por Termalismo Terapêutico, Spa Termal e Medical Center, uma experiência completa de saúde e bem-estar.

Sem pressas, dê tempo ao território para se apresentar.  

Experiências Mondego-Bussaco

3 menus de tentações para se aventurarem em cada concelho.

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